Chegou a hora de colocar em palavras tudo o que eu vivi durante esse Mundial de Escalada em Gijon – Espanha, tarefa essa difícil, pois alguns dos sentimentos é impossível de se descrever.
A primeira coisa que eu preciso que preciso muito agradecer e que não tem haver com a escalada, foram os 16 dias de ferias que eu tive com a minha na Europa e que foram realmente dias inesquecíveis, poder retribuir um pouco de tudo o que minha mãe fez e faz por mim, não teve preço!!!!! Apesar das ferias terem sidos antes do Mundial, em termos físicos não me trouxe nenhum problema e em termos psicológicos ajudou 100%, cheguei no campeonato totalmente renovado.
Bom, vamos ao Mundial, esse ano a IFSC realizou varias mudanças no Paraclimb, para que no futuro a competição seja mais “justa”, claro que toda mudança gera muitos desagrados e todos com que eu tive oportunidade de conversar não aprovaram as mudanças, incluído alguns que se sagraram campeões!
Para facilitar o que aconteceu, voltarei a 2012, lá os atletas foram divididos nas seguintes categorias, deficiente visual, amputados e todas as outras deficiências entraram na categoria deficiência neurologia e mesmo dentro de todas as categorias alguns atletas tinham mais ou menos dificuldades para escalar a IFSC para equilibrar essa diferença utilizou um coeficiente, que funcionou como um multiplicador dos pontos obtidos ou seja maior deficiência, maior coeficiente, formula essa que também desagradou e agradou alguns atletas, pois mesmo passando por exame medico detalhado não era fácil definir se realmente cada um fez ou não os movimentos que poderiam ou não fazer.
Nesse Mundial, a ideia da IFSC foi manter as 3 categorias de 2012 e criar a categoria de cadeirantes, além disso algumas categorias foram subdividas em A e B, sendo que A atletas com menos deficiência e a B com mais, com essas subdivisões, algumas categorias ficaram com menos de 4 atletas e com isso não entraram no Mundial e foram denominadas como Master, porem ao contrario de 2012, todas as categorias tiveram prêmios em dinheiro e troféu para o campeão! A minha categoria ficou então divididas em neurological PD A com 12 atletas, neurological PD B com 6 atletas e cadeirantes com apenas 1 atleta e o coeficiente foi retirado para todos os atletas, então dessa vez quem fizesse o maior números de pontos seria o campeão, a principio essa é realmente a forma mais justa, mas algumas categorias num futuro com mais atletas deverão sofrer novas quebras pois a diferença entre os atletas em alguns casos ainda é muito grande, apenas para exemplificar, na categoria amputados de pernas, caso um atleta use prótese e um outro não, não há diferença, eles competem de igual para igual em termos de pontos o mesmo valeu para amputados de membros superiores, caso algum atleta conseguisse parte do braço para escalar e um atleta que não possuísse o braço todo, também não haveria diferença, mesmo todos sabendo que esse “detalhe” faz sim muita diferença! No casa da categoria deficiência neurológica fica muito difícil de fazer essa separação.
Agora vamos a parte boa, dessa vez as 2 qualificações foram no mesmo dia e na parede de dificuldade, o que foi muito mais emocionante! A parede linda, negativa, cheia de módulos e com uma textura bem diferente do que temos por aqui, lá a parede tem uma aderência incrível, diferente do que temos por aqui que só recebem uma camada de tinta, as agarras bem legais também e algumas vias com chorreiras. Diferente de 2012, dessa vez eu estava muito tranquilo e bem menos ansioso, então a escalada fluiu melhor, na primeira via eu certamente conseguiria chegar mais alto, mas peguei errado em agarra abaixo de um modulo e cai, já na segunda via eu cai realmente em um movimento que não conseguiria fazer, também em um modulo e com a mesma agarra, mas de qualquer forma nessas duas vias eu consegui escalar muito mais alto do que em 2012, mas mesmo assim não foi possível classificar para as finais, já que os 3 primeiros fizeram top nas 2 vias! Mas eu estou muito feliz com o meu 4º. Lugar!! Fiz realmente o que estava dentro do meu limite na escalada!
Realmente uma coisa tenho que escrever, assistir os atletas do paraclimb é muito emocionante, é algo incrível e que mexe muito com nossas emoções, ver cada atleta superando a sua deficiência… só de lembrar daqueles dias já da uma vontade enorme de treinar e esperar a próxima competição. Para mim esse mundial teve um sabor de vitoria a mais, meu objetivo com o Paraclimbing Brasil era levar mais alguém do Brasil, mas não deu, mas o trabalho não foi em vão, pois a atleta Elvira Quiroz do Chile, que eu conheci durante as palestras que ministrei em dezembro de 2013, foi, competiu e conseguiu o 3º. Lugar!!!!!!!! Como foi especial ver alguém com a mesma deficiência que a minha escalando lá! Incrível mesmo!
O Brasil nesse Mundial teve apenas 2 representantes, eu e a Janine Cardoso, que competiu na categoria dificuldade e poder passar esses dias com ela, foi novamente eu grande aprendizado, a nossa grande mestra tem muito o que ensinar a todos, o foco, treino, determinação , conhecimento e experiência da Jan é algo fora do comum, mesmo voltando de uma lesão grave(quebrou o escafoide , um osso da mão) e com pouco tempo para treinar, ficou em 44º. Lugar, a frente de 5 atletas! Nesses dias conseguimos conversar bastante, pois dessa vez fomos como atletas, dirigentes da ABEE, fotógrafos, torcedores, enfim um pouco de tudo! A Jan conseguiu participar de reuniões com a IFSC e lá foi nos ditos do excelente trabalho que estamos fazendo e como conseguimos nos organizar em tão pouco tempo!!
A base para fortalecer a escalada de competição no Brasil esta se consolidando e a grande prova ainda esta por vir, a etapa do Brasileiro de Boulder em Brasília e a etapa de Dificuldade em São Paulo será o grande divisor para novos ares aqui no Brasil e convido a todos a conhecerem nosso site da Associação Brasileira de Escalada Esportiva.
E como alguns já viram as fotos, dessa vez eu estava muito tranquilo e consegui aproveitar mais a parte divertida do campeonato, então fui um grande fã e tirei fotos e conversei com muitos “ monstros” e “monstras” da escalada e paraescalada!! Todos muitos simpáticos e acessíveis! Participar desse Mundial foi realmente especial e divertido!
Ufa, o texto ficou um pouco grande ne? Mas historia tenho para escrever muito mais rs então para um próximo post escreveria mais sobre o futuro do Paraclimb e os contatos que eu fiz por lá!
E agradeço as empresas Five Ten Brasil e Deuter Brasil, por me ajudarem em mais essa viagem!
Parabéns Rapha vc é um orgulho e exemplo para nós escaladores brasileiros. Kamommmm!!!!
Valeu ae Rodriigo!!!!!!!!!!!!
Abcs! nos vemos sabado!